segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

"Trio" delícioso ...


Li algures que:

Em cada 10 pessoas, 9 dizem gostar de chocolate e a décima mente”.

Assim sendo, sirvo-vos esta guloseima para se deliciarem. E não adianta resistirem, com a desculpa de que estão de regime, porque mesmo que resistamos à tentação, só o facto de sentirmos o desejo, deixa-nos a salivar, provocando o mesmo efeito ou pior.




domingo, 25 de fevereiro de 2007

Entre uma verdade e outra ...

Uma coisa é aquilo que aconteceu mesmo, outra bem diferente é o que a minha imaginação foi teimosa e repetidamente distorcendo e fantasiando à medida que, naquele verão, os factos se iam sucedendo.
Há uma diferença abismal entre as imagens que recordo, os gestos rudes e brutos e as palavras duras, hostis, depreciativas e até crueis que ficaram gravadas nos meus ouvidos e que obtenho quando me forço a recorrer à minha lucidez e bom senso, e aquilo que resulta da minha excessiva tolerância, as quais traduzem reflexos de mim mesma, misturando-se com sentimentos de culpa.
O tempo ajudou a formar uma barreira entre o real e o que é fruto da minha imaginação, mas o mesmo tempo vai esbatendo a linha que separa a verdade da mentira e deixando a descoberto o essencial. Aquilo que aconteceu misturou-se com aquilo que eu queria acreditar que tinha acontecido ou com aquilo que me quiseram fazer crer que aconteceu. O tempo reforçou o meu sentido de benevolência, diluindo toda a carga negativa e adulterando os factos, suprimiu o receio de eventuais consequências inerentes ao acto, deixando apenas um sentimento de culpa a que se veio juntar um leve arrependimento.
Se hoje, à distância de quase 4 anos, tento analisar demoradamente os factos, concluo que resultaram duma vontade a dois, estando fora de questão demitir-me da responsabilidade e quota-parte da culpa que me cabe, independentemente da forma como a outra parte analisa os factos, distorcendo e deturpando intencionalmente a verdade por interesse ou conveniência, demitindo-se do seu papel activo nos mesmos, transformando-se em inocente e até mesmo em vítima.
Só assim, assumindo os actos, pude com clareza e em consciência, aceitar a realidade e avaliar até que ponto errei.
Tal como se de uma "maleita" se tratasse, depois de detectado e isolado o vírus (erro), posso munir-me de um "antídoto", neutralizá-lo e evitar futuros "focos de moléstia".
Em suma, sinto-me melhor com a minha consciência, o que duvido aconteça com quem optou pela via mais fácil ... alterando a verdade dos factos a seu favor, descartando qualquer hipótese de erro ou responsabilidade, assumindo um papel de inocente.
Mais cego é aquele que não quer enxergar !!!



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Meu lado "down"...

Quando, no dia 6 deste mês de Fevereiro criei este espaço, a ideia era refugiar-me e isolar-me aqui, neste cantinho, entregue a mim mesma, aos meus pensamentos, sempre que me sentisse como então ... decepcionada com as pessoas, desiludida com tudo, descontente com o mundo, desmotivada, perdida no escuro, sem rumo ou norte à vista.

Mas, minutos depois, já a minha natureza alegre e extrovertida, me levava a sair da "toca" ... bati ao de leve numa e noutra porta por aí e não tardou que a minha intenção de "isolamento" fosse uma miragem e não passasse disso mesmo ... de uma intenção!

Mas, como contece com qualquer enfermidade, se não procurarmos a causa da patologia ou se nos limitarmos a tratar os sintomas em vez de a debelarmos, também no meu caso, até porque se trata de um mal crónico, cuja erradicação não depende de mim, aqui estou de novo mergulhada em pensamentos tristes, frustrada, tentada a desistir de tudo e, neste momento, sem a mínima vontade de bater à porta de ninguém e muito menos sem a força anímica necessária para abrir a minha própria porta.
Como vulgarmente se diz, vou esperar que passe a crise ... amanhã é outro dia e como eu própria digo tantas vezes, em jeito de "pensamento positivo ...

"a um dia cinzento e chuvoso, segue-se um dia de sol radioso" :-)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Continuando a sonhar ...


O casamento, dizem, é a festa com que todas as mulheres sonham! É o pico mais alto na felicidade da vida de qualquer mulher.

O noivo do meu sonho é um homem vigoroso, belo, meigo, afectuoso.
Após a cerimónia, carrega-me nos braços, deixando para trás todos os convidados. Com a sua amada nos braços, subirá a enorme escadaria e, é do último degrau que atiro o meu bouquet.

Viro-me apenas para ver as moçoilas, em bicos de pés, saltitarem na esperança de serem bafejadas pela sorte. Ao longe, no ponto mais alto do jardim, o Cupido do Amor, espreita de seta empunhada. Quem será o próximo ou próximos a ser atingidos ???


Ora, se o meu amado não usou a força dos seus 26 anos para carregar ao colo uns míseros 45 kg, proporcionalmente bem distribuídos quando apenas 4 degraus o separavam do quarto de núpcias, será legítimo e lógico esperar que hoje, quase cinquentão, se disponha a subir 15 degraus duma escadaria, carregando mais de 60 kg?

Mas quem diz que os sonhos são movidos pela lógica? E por outro lado, quem me impede de continuar a sonhar ainda que seja acordada?


Dentadinhas diabólicas...


O Sol rompeu quente e brilhante na manhã de Terça Feira carnavalesca, convidando à aventura. Libertei-me dos lençóis e edredon em que me mantinha enroscada e no mesmo instante pulei da cama. O grito que a seguir se ouviu, mais parecia vindo de um prisioneiro, a quem tinham acabado de soltar as amarras:

- É carnaval! Hoje não ficarei em casa. Quero ir sambar!

Seguiu-se um saboroso banho de espuma, enquanto ia arquitectando um plano e delineando toda a tramoia, saboreando já por antecipação o prazer da diversão a que me propunha.

A fantasia escolhida assentava-me que nem luva! Parecia feita por encomenda! Sentia-me, aliás sinto-me sempre, um pouco endiabrada, mesmo sem necessitar enfiar-me dentro duma fatiota assim ... está-me na veia ... dizem-me que tenho "sangue na guelra" eheheh
A minha "primeira vítima" foi um vizinho que, não me reconhecendo, não resistiu a dar-me um apalpão no traseiro enquanto nos cruzávamos. De imediato me atirei a ele, dando-lhe sucessivas dentadinhas no pescoço, deixando-o quase em transe, gemendo:

- Mais ... mais, please, minha Diabinha!!! Implorava-me.
Sem lhe dar ouvidos, segui o meu caminho. Em breve me via, sassaricando misturada no meio da multidão, tentando vislimbrar o próximo candidado a mais uma ferradela.
A meio da rua, um luxuoso BMW de um preto muito brilhante, acabara de se imobilizar. No seu interior, o único ocupante preparava-se para se apear, tencionando certamente seguir o cortejo que descia a rua junto da viatura. Apressei-me a barrar-lhe a saída:
- Vai uma dentadinha? Perguntei-lhe numa voz de diabrete irresistível, deixando-lhe ver os meus dentes afiados. Respondeu, estendendo-me o irrecusável pescoço, que eu mordisquei uma e outra vez, até o sentir perfeitamente extasiado. Após isso larguei-o lá, estendido no interior do seu BMW, ávido, faminto, enquanto murmurava:
- Papa-me todo, minha diabinha! Deixei-lhe apenas a promessa de que voltaria em breve e me serviria da refeição completa, mas naquele momento queria experimentar outras sensações.

Despertei para a cruel realidade, atraída por um cheiro forte a queimado! Abandonei o velho sofá em que inadvertidamente adormecera e arrastei-me, ainda ensonada, até à cozinha. Sobre o lume aceso do fogão, um panelão fumegava, deixando libertar jactos de fume escuro ... aquilo que prometia ser o almoço, estava completamente reduzido a tições!!!
Isto sim, parecia obra do verdadeiro DIABO !!!


domingo, 18 de fevereiro de 2007

Regresso ao mundo real...

Fui incumbida, pelos meus superiores, de um estudo que implicou ausentar-me durante uns dias do meu local de trabalho. Foi-me prometido que seria disponibilizado alguém para o meu escritório, a fim do trabalho não se acumular durante a minha ausência. Podia ir descansada blá blá blá ... que as coisas ficariam sob total controlo. E … fui!!!
Fui e regressei. Se trabalho ficou, muito mais encontrei. Como me vou mexer no meio deste palheiro??? Nem 1 agulha encontraria !!!
A vontade é virar costas e ir de férias !!!


E se em vez de estar aqui armada em 2 de paus,
me disfarçasse de Raínha de Copas?
Afinal não é carnaval????









sábado, 17 de fevereiro de 2007

Gostoso e inquitante sonho

Despertei abruptamente daquele sonho estranho e indesejado que me mantinha dividida entre confusa, inquieta e desconfortável, ao mesmo tempo que me atraía e cativava, acabando finalmente por me sentir liberta e aliviada embora decepcionada, por não passar disso mesmo … um mero sonho!


Não mais me lembrara do assunto até hoje, no exacto momento em que um episódio mo trouxe de novo à memória, fazendo-mo reviver, na íntegra, obrigando-me a questionar se de facto se terá tratado de um sonho ou pelo contrário, constitui uma realidade recente, passada ou futura.

No meu sonho, o meio ambiente apresentava-se colorido, não apenas a preto e branco, e as pessoas movimentavam-se de modo gracioso. Lembro-me de ter perfeita noção de estar a viver um sonho, pelo que não devia dar demasiada importância a certos factos. Alguns minutos depois de acordar, retomara a boa disposição e até desatara a rir-me de mim própria. Mas, enquanto mergulhada e enlevada no meu imaginário, parecera-me tudo tão real …

Viajava de comboio, em marcha lenta, sob um céu azul claro, sentia a atmosfera ligeiramente humida e a temperatura era amena. Sucessivas e deslumbrantes paisagens surgiam a meus olhos, através das diversas janelas da ampla e semi-vazia carruagem, quase como relâmpagos, uma após outra, cada vez mais belas, ora sob a forma de nítidas imagens, ora dissipando-se, para voltarem a surgir de novo, claras, um pouco mais à frente, cada vez mais esplendorosas, exalando um odor que me era estranho, mas super agradável e algo enigmático.

A meu lado, um cavalheiro baixo e magro, entre os 40 e 45 anos, massajava-me as mãos que eu mantinha sobre as minhas pernas, cruzadas, ao mesmo tempo que me sussurrava palavras doces ao ouvido. Minutos antes, sentira uma mão colocar-me, delicadamente, sobre a cabeça, um chapéu masculino, que via agora reflectivo nas janelas do comboio, conferindo-me um certo aspecto místico/romântico, que eu não me atrevia a tirar, sob pena de interromper tão maravilhoso e diabólico sonho.


Confesso que me sentia-me bem assim cortejada, lisonjeada, mas igualmente causava-me algum constrangimento, pelo facto de não conhecer tal indivíduo e porque, exactamente em frente a mim seguia, sentado descontraidamente, o meu companheiro de mais de 2 décadas! Lembro-me que enquanto sonhava, a minha cabeça tentava discernir a lógica de tão estranha situação.

- Claro que só pode ser um sonho! Lembro-me de ter pensado para comigo durante toda a viagem.

- Isto é fruto da minha fértil imaginação ... é um sonho!

- Este sujeito, encantador, não existe! Mas ... e as paisagens? Serão essas reais? Perguntava-me!

- É um sooonhooo! Não tardarei a acordar. Sossegava-me a mim própria. Uma das frases que mais me suou ao ouvido e retive, rezava assim:


- És a mulher dos meus sonhos … Amo-te! Por ti, eu ia até ao fim do mundo! Queres ser a mãe dos meus filhos?

Apesar de ser muito céptica, dei comigo, mais tarde, a questionar-me como deveria interpretar este sonho. Acabei mesmo a fazer pesquisa. Transcrevo aqui o que descobri:

Chapéu – Uma moça sonhar que está usando chapéu de homem: brevemente se apaixonará. Este sonho geralmente revela que se está escondendo alguma coisa, projecto ou segredo. Sorte: burro.



E termina aqui a narrativa do meu sonho.

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Hoje, enquanto esperava na fila do Multibanco do hipermercado, uma voz segredou-me ao ouvido: És a mulher dos meus sonhos … Por ti, eu ia até ao fim do mundo! Amo-te! És a mãe dos meus filhos …Que dizes à ideia de subirmos juntos o Rio Douro???

É por isso que não me tiram da cabeça … os sonhos têm algo de real!!! Só não consigo entender onde encaixa o dito chapéu masculino ... muito menos, o ”burroda sorte. eheheheh

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Banho de cachoeira ...


Estávamos em pleno verão, obviamente! Em Portugal seria impensável um banho destes noutra época do ano, mesmo tento em conta aqueles calores repentinos que por vezes se apoderam de nós e esses, na verdade, não escolhem dia nem hora eheheh

Mas, como dizia, estávamos no verão, em pleno gozo de férias, dispunha-me a fazer mais uma caminhada igual a tantas outras, seguida pela minha cadelita, uma rafeirita rasteira que me segue para todo o lado e não deixa ninguém chegar perto da dona. Não conhecia bem o monte, e até começava a sentir ter-me aventurado demais, ao ter-me aventurado assim no interior daquele matagal desconhecido.

Tinha deixado há muito para trás a estrada de terra batida, e seguia agora abrindo caminho por entre os arbustos que cresciam de forma desordenada entre os enormes pinheiros e eucaliptos, seguindo o piar da passarada e o som de bater de asas de … gaivotas?!? Hummm gaivotas em terra? Estranhei! Não é normal.

Percorri mais uns metros e um ruído, no início imperceptível, depois bem característico e perfeitamente audível, chegou-me aos ouvidos. Após mais alguns passos, vislumbrei a origem de tudo. Um cenário digno de ser classificado de um verdadeiro oásis … ali, bem à minha frente, uma deliciosa e aprazível "mini-cascata" natural!

Fiquei maravilhada! Nunca ouvira falar neste paraíso! Aproximei-me mais, deixando-me atingir por pequenos salpicos, provocando-me múltiplas e ritmicas contracções musculares, como se atingida por pequeninas descargas eléctricas que me percorriam todo o corpo.

O cenário era convidativo e demasiado tentador. Bem no interior do mato, a meio do monte, um pequeno oásis semi-escondido, e eu tinha o privilégio de o ter só para mim naquele momento.

A ideia começou a bailar-me no cérebro. Faço-o? Não faço? E, antes que o meu outro eu ... um Eu sempre atento aos perigos, lúcido, prudente, sensato, sempre a ditar regras, começasse a desenrolar um dos seus infindáveis novelões de prudências, riscos e advertências, iniciei a tarefa de me libertar dos trajes que envergava. Achei por bem não molhar nenhuma peça de vestuário … precisava delas secas depois, e foi um corpo completamente nu que mergulhou naquelas águas límpidas, de espuma branca e toque milagroso, usufruindo em pleno da mais maravilhosa sensação até então experimentada.

Deixei-me ficar assim, deleitada, saboreando, ora em silêncio, quase imóvel, deixando-me engolir por aquele líquido que me massajava até à raíz dos cabelos e me proporcionava uma sensação deliciosa ora, deixando escapar alguns gemidos de prazer, quase orgástico, o que acabaria por despertar na minha companheira de aventura, uma irresistível vontade de me imitar.

Em breve, éramos 2 corpos no mesmo espaço, a desfrutar dum prazer ímpar e sublime.

Nessa tarde, o regresso a casa decorreu em passo lento ... de vez em quando, trocávamos olhares de cumplicidade, e sentíamo-nos ambas mais leves, mais soltas, alegres e felizes. A cada passo, a minha "rasteirinha" olhava-me, parecendo querer dizer:
- Será o nosso segredo.

Hoje, aqui sentada, cachorrita a meu lado, recordo a nossa pequena aventura e, prometo: havemos de voltar àquela cachoeira !!!


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Coração de Mulher ...





Quinta Feira, 3 de Julho … uma Quinta feira aparentemente igual a todas as outras, não fosse um acontecimento que a tornou excepcionalmente fantástica e inesquecível aos olhos de Lúcia.

Ela que sempre fora tão sossegada, tão pacata e ponderada, levara até então uma vida regrada e sempre tão responsável agora, ali estava, pronta a cometer uma pequena loucura!

- Tenho de o fazer. Disse-me.

- Mas, pesaste bem as consequências? Acho uma grande loucura. Adverti-a.

- Não compreendes. Desejo-o com tal intensidade como nunca desejei nada antes.

- Bem, tu lá sabes. Se achas que o deves fazer…

- É irresistível. Muito tentador. Sonho com o facto até acordada. Tenho de o fazer! Não posso evitar. O desejo consome-me. Tenho de o saciar.

Manter o discurso seria inútil, bem o sabia! Nada nem ninguém conseguiria demover Lúcia. Ela estava deslumbrada, hipnotizada! Talvez me atrevesse mesmo a dizer que estava apaixonada! Começava a manifestar desconcentração no trabalho. Já não duvidava … mais cedo ou mais tarde, ia fazê-lo. Acabara concordando com ela ... mais valia que fosse já.

Vi-a entrar no Mercedes prateado que a recolheu à porta da empresa. Fiquei torcendo por ela, sem conseguir libertar-me de alguma ansiedade. Afinal, Lúcia era uma mulher quase inexperiente nesta área, apesar dos seus 45 anos.

Fiquei um pouco mais aliviada quando, cerca de 3 horas depois, me confidenciou:

- Superou todas as minhas expectativas! Foi bem mais fantástico do que nas minhas fantasias! Uma experiência fabulosa! Foi fantástico! Soberbo! E, para meu espanto, concluiu:

- Defini-lo-ia como … A QUECA DO SÉCULO.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Leito de Amor ...

Os primeiros raios solares atingiam a janela das águas furtadas dum velho edifício, numa das avenidas mais movimentadas da cidade, pondo fim a uma bela noite de paixão e convidando ao mais fantástico dia de amor.

No aconchego dos lençois duma bancura cândida, 2 corpos, permanecem entrelaçados, naquele quarto duma simplicidade invulgar, onde uma cama, redonda, lhes serve de alcova.

É-lhes indiferente que as paredes se mantenham despidas de qualquer decoração, ou que meia dúzia de telas repousem, empilhadas no chão, em vez de armoniosamente penduradas no seu lugar como igualmente se mantêm alheados a quaisquer normas ou convenções sociais ... ali, num mundo só seu, apenas um Homem e uma Mulher, saciando a sua avidez de amor.

- Vamos ter um belo e soalheiro dia de S. Valentim ... aproveitemo-lo bem, meu Amor!
- Sim, meu Amor ... hoje o dia é nosso !!! Amemo-nos como merecemos ... até à exaustão !!!



domingo, 11 de fevereiro de 2007

Coincidências




Em passo lento, atravessava na diagonal o jardim, como fazia frequentemente. Renovado recentemente, apresentava agora espaços de diversão, devidamente organizados, muito mais delineados e convidativos do que o antigo “Jardim Constantino” de outros tempos.

A meio da tarde, numa Sexta Feira quente de Setembro, apenas 2 crianças brincavam, no espaço a elas reservado, junto ao escorrega enquanto mais 2 ou 3 se divertiam junto a um baloiço de madeira, sob o olhar vigilante de igual número de mulheres.

Em cada canto do jardim, viam-se grupos de homens, alguns de meia idade, outros mais idosos, uns absorvidos e envolvidos directamente num jogo de cartas, outros, em pé, estáticos, apenas observando, ou incitando de vez em quando os jogadores.

Numa zona mais recôndita do jardim, um idoso, meio curvado, com ar infeliz e olhar distante, tacteava com uma mão ora num, ora noutro bolso, à procura de algo, ao mesmo tempo que com a outra se tentava apoiar a um velho banco de madeira, em forma circular que havia ali próximo. Ao levantar ligeiramente a cabeça, pareceu-me ter os olhos húmidos. Aproximei-me dele. Sorri-lhe e disse-lhe:

- Olá, precisa de ajuda? Ao mesmo tempo, retirei a embalagem de lenços da carteira e estendi-lha, aceitando-a com a mão trémula. Era um homem alto e de feições e aspecto cuidado, parecia confuso, perdido. Olhou na minha direcção e, por instantes, pareceu-me consciente, embora se mantivesse calado, como que impossibilitado de articular palavra … diria que aflito.

Aquela fisionomia lembrava-me alguém que não conseguia identificar. Ajudei-o a sentar, sentei-me a seu lado e meti conversa.

- Então? Costuma estar por aqui? Mora aqui perto? Eu acho que conheço o senhor, mas não me lembro de onde, disse.

Levantou a cabeça, deixando ver o queixo que tremia, denunciando que o choro e o medo ameaçavam apoderar-se dele.

- Tenha calma! Se calhar não se lembra onde mora. A mim também já me aconteceu, sabe? E olhe que sou uma mocinha comparada consigo eheheheh

Pela primeira vez arranquei-lhe um leve sorriso e lá balbuciou:

- Vim a uma consulta e agora não sei para que lados fica a casa do meu filho!

- Mas isso resolve-se já. Como se chama o seu filho? Após alguns segundos em que me pareceu fazer um esforço para lembrar, disse:

- Júlio. Júlio Andrade.

- Ah! Júlio Andrade??? Então o senhor chama-se Artur não é? E veio sozinho à consulta? O senhor morava em Tomar, não era? Agora mora em Lisboa? Agora percebo. Eu conheço o seu filho. São muito parecidos. É médico num hospital aqui perto. Já há muitos anos que não sei nada dele. Mas, não se preocupe. Eu localizo-o e levo-o até ele, sim?

Conhecera Júlio havia mais de 15 anos, quando ele viera trabalhar para o hospital em frente do escritório da Delegação do jornal onde eu desempenhava funções administrativas. Costumávamos almoçar em grupo, num restaurante perto e chegámos a organizar passeios e convívios, aproveitanto as vantagens promocionais da agência de viagens, a uns passos dali, propriedade do dono do restaurante, o Senhor Tomás. Tornámo-los logo Amigos. Júlio era, na maior parte do tempo, um homem alegre, brincalhão, divertido, sempre pronto para uma boa piada ou anedota marota e tinha um excelente sentido de humor. Daquele tipo de pessoas de quem facilmente se gosta.

No entanto, frequentemente assumia uma pose altiva, arrogante, revelando presunção ou mesmo soberba e nesses momentos ficava intratável. Gostava de ser bajulado e havia no grupo quem quase se submetesse a ele, o que o envaidecia. Irritava-se com quem expressasse opinião divergente da sua e não se coibia de tecer comentários depreciativos, por vezes brejeiros. Chegava a ser indelicado e algumas vezes humilhava as pessoas.

Era opinião geral que Júlio tinha um feitio difícil, mas o seu quase constante bom humor e a função de líder no grupo, tornava aceitável a sua faceta menos sociável. Atribuíamo-la ao excesso de trabalho e de certa forma tolerávamos o seu mau génio.

Embora pouco tivéssemos em comum, tanto no campo social, como profissionalmente, aproximámo-nos um do outro e tornámo-nos intimos. Desagradava-me a sua excessiva auto-confiança que fazia questão de sempre demonstrar, a forma como se vangloriava e relatava episódios envolvendo mulherio e o modo como exagerava a sua masculinidade, querendo dar a ideia de um grande garanhão.

Durante mais de 4 anos, o grupo, constituído por ele, 2 enfermeiras suas colegas, 1 auxiliar de acção médica, 1 funcionário bancário, 1 educadora de infância e eu, organizou e participou em vários convívios e uma vez por ano, era obrigatório um passeio.

Um dia, sem qualquer explicação, Júlio afastou-se do grupo. Raramente o víamos, andava cabisbaixo, emagreceu cerca de 15 kg no espaço de um mês e remeteu-se a absoluto silêncio. Não havia dúvida de que algo muito grave o preocupava, mas recusou-se sempre a partilhá-lo connosco. Inicialmente, os Amigos preocupados, tentaram entender a repentina mudança, mantinha-se calado e reagia mal a perguntas, repudiando quantos se tentavam aproximar.

Manifestações de pasmo e preocupação foram sendo esquecidas à medida que surgiam novos temas de conversa, uns e outros mergulharam nos seus próprios problemas, e pouco a pouco todos se afastavam ficando apenas eu que, talvez por ingenuidade ou teimosia entendia poder e dever prestar-lhe apoio. Acreditava que o seu ar arrogante apenas camuflava uma enorme fragilidade que eu tinha captado desde o início. Talvez tenha tocado o meu instinto maternal e, durante todo o tempo em que ele se dizia na fossa, mantive-me por perto, sempre disponível, ignorando e relevando todos os seus insultos e aquele enorme e constante azedume.

Mantive-me sempre presente. Mandava-lhe mensagens carinhosas, convidava-o para almoçar a que ele respondia quase sempre com um irrefutável NÃO! Duma forma subtil, fazia-me acusações, chamando-me cusca, fingida e hipócrita, fazia alusão ao seu superior nível social, como suporte à afirmação de que não precisava de conselhos de ninguém, muito menos de alguém como eu. Tinha atitudes contraditórias, sendo que tão depressa se mostrava agressivo e orgulhoso, como podia de repente, tornar-se dócil e humilde, mostrando-se grato pela minha Amizade.

Algumas expressões tipo “não te enxergas?”…”não preciso dos teus conselhos” atingiam-me, na alma, como pedradas que apenas ia tolerando porque alternavam com períodos de manifestos desabafos de infelicidade, lamúrias, choro e alguns pedidos de desculpa, à mistura com palavras de gratidão. Pouca a pouco acabei por perceber a causa do seu estado e se tentava minimizar o facto, no sentido de o ajudar a erguer, levava logo com uma enxurrada de palavrões.

À medida que ia saindo do estado que ele próprio classificou de “lama” e “merda”, ia aumentando a arrogância para comigo, culminando com o dia em que me maltratou verbalmente, acusando-me de só querer saber da sua vida, dirigindo-me palavrões e desligando-me abruptamente o telefone.

Tinham passado quase 10 anos! Eu mudara de emprego e apenas via esporadicamente 1 ou 2 Elementos do grupo. Durante meses mantive a esperança de um gesto ou uma aproximação, mas em vez disso soube que se referia a mim como “intrometida” …“cusca” e “hipócrita”, pelo que acabara por excluír o seu nº da minha lista de contactos e tentara esquecer alguém que não merecia nem sequer ocupar o meu pensamento.

Agora, o Senhor Artur, seu pai, ali estava, indefeso, confuso, eventualmente portador de doença de Alzheimer ou de outro qualquer síndroma de demência. Havia necessidade de avisar e sossegar o “arrogante doutor” de que nada de muito grave lhe tinha acontecido. Provavelmente já teria dado pela demora do Senhor e estaria ansioso.

Carinhosamente, pedi ao Senhor Artur que me deixasse examinar-lhe os bolsos e descobri um pequeno papel amachucado onde se viam 2 números rabiscados … “filho Júlio”… “filho Álvaro”. Retirei o meu tm da carteira, copiei o primeiro número … respirei fundo e … liguei. Ia enfrentar de novo a fera:

Demorou alguns toques a atender. O modo como o fez, levou-me a crer que ainda retivesse o meu número ou que eventualmente o tenha memorizado, já que de imediato ouvi:

- Diz, rapariga! Olha, liga-me outro dia, hoje estou a braços com uma grande chatice! Não te posso atender … desligou!

Apesar de não me surpreender, fiquei imóvel, incrédula por alguns segundos. Continua exactamente igual a si próprio! Repeti a chamada. Depois de 2 ou 3 palavras gritadas e dirigidas a mim, lá me permitiu falar.

- Júlio, sei o que se passa e calculo que estejas aflito … não me deixou continuar:

- Lá estás tu, sempre com a mania que sabes tudo acerca de mim! Foi a resposta dele. Enfureci-me e levantei também o tom de voz:

- Olhe, senhor doutor, encontrei casualmente o seu pai. Ele está bem, apenas um pouco confuso … está aqui comigo e preciso que me diga onde lho posso ir levar. Ficou calado por um momento e quando retomou o discurso, agora em tom mansinho, apenas o deixei dizer:

- Estou a trabalhar … no hospital.

- Então dentro de 15 minutos estou aí, espera-me ao portão. Disse-lhe.

Seguiu-se um curto trajecto de táxi, posto o que ajudei o Senhor Artur a sair, depositei-lhe 2 beijinhos na face, ao memso tempo que me sorria, e enquanto ele percorria a curta distância que o separava do filho, meti-me de novo no taxi e pedi ao motorista que me levasse rápido dali.

Moral da estória:

1 - Parece que afinal sempre há confidências;

2 – Há pessoas que não merecem nem o nosso desprezo.

(misto de real e ficção)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Dias cinzentos …



Há dias assim... cinzentos, que me tingem a alma de negro! Fico nostálgica, angustiada, melancólica, apática, infeliz. Nestes dias, mover cada músculo do corpo exige-me um esforço triplo. Sinto-me vestida de chumbo, quiçá acorrentada, as minhas pálpebras teimam em se manter semicerradas, o meu raciocínio acompanha o ritmo, lento, do corpo ou vice-versa, uma rolha invisível torna-me incapaz de pronunciar palavra, em perfeito contraste com o meu génio de incorrigível tagarela.

Dias assim, de quase total inércia, nem sempre coincidem com os dias cinzentos e chuvosos, outonais ou invernosos, embora quando reunidas estas condições, o efeito se agrave e seja mais prolongado.

Ocorrem, também, esporadicamente, em dias primaveris mesmo com céu bem azul, mas a natural luminosidade, neutraliza o efeito nefasto ou manifesta-se em brevíssimos, quase imperceptíveis momentos.

Costumo dizer de mim para mim: felizmente, esta morrinha dá-me forte, mas … passa-me depressa” .

Hoje foi um dia nebuloso ... quase cinzento :-)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Hora de trancar a porta ...


Está decidido! Um pequeno incidente precipitou as coisas e hoje mesmo coloquei a tranca na porta … fechei o meu coração a alguém que não merece a minha Amizade. 3 anos é tempo mais que suficiente para ponderar e repensar atitudes … tempo mais que suficiente para a explicação que há muito aguardo pacientemente. Acabo de concluir que não chegará nunca!

Na verdade, já me tinha proposto esquecer a sua existência, mas de cada vez que começo a sentir-me familiarizada com o facto, algo acontece que quebra o silêncio, impedindo-me do propósito de fechar definitivamente a porta, pois embora possua uma boa dose de tolerância, costumo bater com a porta uma única vez!

Quem me conhece de facto e não apenas superficialmente sabe que pode contar com uma Amizade, lealdade e dedicação extremas, mas no caso concreto, há muito que ultrapassei os limites do razoável.

Tenho um coração muito mole é o que é … uma Amiga está sempre a alertar-me para esse facto, mas se é verdade que não podemos mandar nos nossos sentimentos, podemos pelo menos encarar de frente os próprios erros , assumi-los ... repará-los e evitar repeti-los.


Aquele chapéu

Algures, nalgum arcaz, num velho sótão …
Jaz um chapéu que fez furores.
Quantas memórias ali encerra,
Quantos amores e desamores.


Era único, inigualável, um primor!
Reconhecido mesmo à distância …
Seu dono, gracioso, mui sedutor ...
O ostentava, com elegância.

(Adrianna)


Penso em ti ...



Penso eu ti e sinto-te infeliz ...
sempre ansioso e impaciente,
não escutas o que a tua alma diz
ávido de sucesso e ambição permanente

Vives num mundo falso e ilusório ...
permites-te iludir p'ra progredir.
Vives em conflito com o teu outro Eu
que sabiamente te ousa prevenir

Do rapaz arrebatado e alegre,
cheio de garra, sempre divertido
hoje vejo, apenas, um ser humano ...
amargurado, atormentado e abatido.

Bem podias seguir aquele conselho
"páre, escute e olhe" !!!
arrepiar caminho e seguir...
o coração do Eu que é o Teu !!!
(Adrianna)

Mensagem a uma Amiga(?)...




Faz hoje 3 anos! Jamais esquecerei a data … 6 de Fevereiro de 2004!

Desde então, creio poder afirmar que não houve um único dia em que não me lembrasse de ti, das nossas conversas, da forma carinhosa como escutavas os meus desabafos e me sossegavas, como também não esqueci a promessa de disponibilidade e eterna Amizade. “EU estarei sempre aqui”, prometias-me então …“conhecer-te, foi o melhor que me aconteceu neste terrível ano de 2003”.
Uma súbita mudança de atitude, a que se seguiu um silêncio tumular, sem te merecer uma única explicação, provocou no meu peito uma ferida profunda que sangra até hoje. Ferida essa que a dúvida e a incerteza de te saber feliz, aliada ao esforço que me obrigo, de nunca te julgar, têm impedido de cicatrizar!

Disse-te e mantenho, que serei sempre tua Amiga!!! Não te prometi que estaria aqui, mas … cá estou! Estive e estarei sempre à tua espera! E não duvides de que se ao longo de todo este tempo, em algum momento tivesse recebido um pequenino sinal de que precisavas de mim, não hesitaria em te levar o meu fraterno abraço.
Vivo em permanente conflito interior, fechada numa concha, entre a recusa em me dar por inteiro a novos Amigos e a auto-penalização por me proteger e privar de agir com a espontaneidade que me é peculiar e a isso tu poderias pôr termo. Tu tens a resposta … Porquê? O que fiz eu de errado?
Onde quer que estejas, recebe o meu sorriso e o meu caloroso abraço e sê muito feliz … SEMPRE !!!

Adrianna

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Hibernando ...



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