segunda-feira, 30 de março de 2009

Tempo


Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.

Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.

Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.

Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!

Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia

Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

11 comentários:

Teté disse...

Então boas saídas do casulo!

Tenho um fascínio por ampulhetas que nem imaginas!

Mas uma vez vi uma explicação sobre uma operação de emagrecimento e conclui que dão ao estômago uma forma semelhante ao da ampulheta. Agora sempre que olho para uma lembro-me de emagrecimentos radicais... :D

Beijinhos!

ps - escuso de falar sobre o poema, que os grandes poetas dispensam elogios...

Laura disse...

Lindo, lindo, e, quando começo a ver que estás poetisa, tem o poema assinado...escreve menina, escreve, tens tanto jeitinho... E naverdade quem dera estrangular o tempo, por vezes, e outras; quem dera que ele corresse veloz...Beijinho da laura.

Parisiense disse...

Mas que saída em grande .......a reclusão no casulo fez muito bem....

È Tempo de viver e com muita garra.

Beijokitas

Adrianna disse...

Obrigada minha linda Teté :)

Pois a mim, as ampulhetas só me recordam os exames e a dor de estômago que aqueles provocavam eheheh

Estou em falta contigo ... tens um espaço tão interessante que me me provoca um dilema: fico dividida entre ler e comentar devido à falta de tempo. Mas vou esforçar-me por deixar sempre um pequenino rasto.

Beijinhos

Adrianna disse...

Laurinhaaaa

É verdade que já por aqui escrevi umas coisitas da minha autoria. Não considero quer fossem poemas, mas apenas desabafos.

Um dia destes a inspiração volta :))

Parisiense,

Tive uma maozinha que ajudou a romper o casulo, sabias? eheheh


beijinhos às duas

Zé do Cão disse...

Adriana. Eu não sei desabafar em poesia. E ainda bem, porque só sairia prosa e da feia.

Já agora, as ampulhetas, deixam cair a areia toda para a barriga, volta-se e torna a cair, ficamos barrigudos..

Beijocas

Pascoalita disse...

xiiiiiiii nem tinha visto que tinhas novo poema :)

E dedicado ao senhor tempo! Pois continua que estou a gostar de ler :)

Laura disse...

Minha querida, que bom ver que já entra a bagunça por aqui...bagunça no bom sentidod e teres pessoal e responderes...Oxalá tenha acabado a reclusão e que tenhas chegado à conclusão de que nem valeu a pena...Bora pra cá, rir, cantar e chorar, o que for, estamos aqui todas para todas e para amar-te...sempre..Um beijinho meu..laura.

Mário Lima disse...

...E depois de se cortar o fio movediço pelo estrangulamento da ampulheta não haveria mais tempo para ter tempo.

Tenhamos tempo para realizar o que ainda não realizamos...

...E não é na amargura que o iremos fazer!

Tudo de bom!

Laura disse...

Ora que rica ideia a do marius...aperte-se o fio e acabe o tempo e as suas ideia smalucas d enos mandar trabalhar e fazer o que nem apetece...haja boa vida mas, com a carteira sempre bem fornecida...ah, tempo, eu, cá por mim apenas queria que ele voltasse atrás e mais nada, mas muito para trás...
Beijinhos..laura.

Pascoalita disse...

Um excelente Sábado ... com o tempo suficiente para fazeres o que te der na gana eheheh